quarta-feira, dezembro 18, 2013

No prelo

            Alfredo Mendes, professor de história, prepara os fundamentos do seu estudo acerca das capelas imperfeitas. As inacabadas do mosteiro da Batalha. A inviabilização da sua conclusão, ao longo dos séculos, parece-lhe um absurdo histórico. A degradação do Panteão do rei D. Duarte atormenta-o, induzindo-o a preparar um ensaio sobre a incompreensão nacional, perante o herdeiro do Mestre de Aviz.
            As suas pesquisas são efetuadas entre o lecionar de aulas e a vida doméstica. A vida em família torna pacato o dia-a-dia, na companhia da esposa Helena e dos seus dois filhos. Helena, por sua vez, é professora de português, na mesma escola de Alfredo, sendo caraterizada pela sua sensatez. Os silêncios de Helena caraterizam-na, assim como, o seu belo rosto e um corpo cuidado, em que a idade parece não passar.
            Alfredo reencontra Augusto, antigo colega de curso de Helena, amigo da família que faz muito tempo não frequenta a casa deles. Três anos, precisa Augusto, sem mais explicações. Augusto é jornalista. Afastado do rebuliço da redação, procura temas alternativos para as suas reportagens, a publicar em suplementos semanais de um jornal nacional de grande tiragem.
A acompanhar Augusto, está Prezado, também ele seu colega de curso. Prezado é convidado do seu amigo durante um fim-de-semana. Procurou-o a fim de recolher informação sobre os escritores Júlio Dinis e Ferreira de Castro, visitando as suas casas museus. O seu objetivo é lançar uma ideia, a nível do país, para perpetuar o nome e as obras dos escritores nacionais.
Augusto nesse fim-de-semana vive uma série de peripécias que lhe condicionam as suas relações. Além do reencontro com Alfredo, no qual sente o desafio de obter uma explicação, para um dado inserido no prospeto de um monumento, Augusto é cumprimentado por uma desconhecida, corredora matinal como ele. Compenetrado, o jornalista responde-lhe, sem reter o passo. Ao aperceber-se do lapso, procura-a pelo perímetro do parque e não a encontra. Para completar as peripécias, Augusto, por não ter comunicado a presença de Prezado, evita a sua namorada. Ana é enfermeira, amiga confidente de Helena e uma troca da folga no hospital, coloca-a inesperadamente no mesmo centro comercial que Augusto (…)
Estas personagens vão ocupar-me nos próximos tempos. Os momentos de escrita vão ser passados em torno do enredo atrás descrito. Augusto procurará desesperadamente a corredora enigmática, vivendo com a sombra de Ana e da amiga de ambos, Helena. A aproximação a Alfredo Mendes, devido às incursões na história, fá-lo estar próximo do casal, como nos tempos da pós-graduação, fazendo reviver momentos não muito bem ultrapassados, entre Augusto e Helena. Para complicar mais a vida de Augusto, Prezado instala-se mais vezes em sua casa, não lhe dando sossego para ponderar a sua vida, nem para prosseguir a sua investigação, com fundamentos de pesquisa histórica.
Semanas, meses, muito será o tempo em volta de pormenores narrativos, dando às personagens uma configuração humana, dentro da tipologia pretendida. Por isso, a escrita no jornal passará a ser de periodicidade descontínua e não prioritária. Não fecho a colaboração, apenas interrompo a regularidade, como a mantida no presente ano.
Os meus votos, adequados à quadra natalícia, são devidamente enquadrados no suplemento deste jornal alusivo à época. Convido o leitor a percorrer essas páginas.
Para todos, votos de Bom Natal. 
 
(a publicar no dia 19/12/13)

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