O ano termina hoje.
Pelas manchetes dos jornais editados a semana passada, verifica-se que o agitado ano de 2014 termina em plena convulsão política.
O assunto político do ano foi a rejeição do financiamento de três milhões de euros, para a construção da nova piscina.
Antes disso, nos primeiros sete meses do ano, sucederem-se outros casos políticos, em que o imobilismo foi a nota dominante. O pior exemplo dessa forma política de atuar, foi a crítica desenfreada, injusta e feroz ao anterior diretor artístico da Casa da Criatividade, que levou ao seu autoafastamento, penalizando-se a cidade e a sua capacidade de programar cultura em detrimento do entretenimento das massas.
A política baseada em suspeições, requerimentos, ações cínicas e populistas percorreu o primeiro semestre do ano.
Em agosto tudo mudou.
Aproveitando a paragem para férias, sem edição de jornais locais, ou seja, sem notícias, nem com edição de manchetes, logo com menor ação propositada de oposição, o executivo liderado por Ricardo Figueiredo apostou numa dinâmica empreendedora e de uma assentada lançou:
· Um ciclo de conferências a propósito dos 30 anos de cidade, envolvendo a população da cidade e alguns naturais da mesma a exercerem a sua atividade profissional extramuros.
· Uma contraofensiva sobre as intenções da junta de freguesia em aumentar as suas competências, rebatendo com a possibilidade de se extinguir a freguesia no concelho, devido às particularidades do mesmo.
· Por fim, organizou um esclarecimento público sobre o projeto das piscinas, com a presença do seu autor, entre outros oradores convidados.
Esta última foi a melhor acolhida pela população. A garantia de financiamento que durante os meses de regência do anterior ministro - Álvaro como ele próprio se intitulava - foram negados, passou a estar disponível em 2014 e isso mudou todo o cenário da construção da nova piscina. A população local percebeu que era extremamente difícil rejeitar os tais três milhões de financiamento. Até porque a argumentação contrária, isto é, dos partidos ou movimentos da oposição assumia a possibilidade final de construção de outra piscina, embora sem clarificarem qual o montante de custo do seu projeto. Percebeu-se a redução das alegações. Impudicas, diria.
Sucederam-se os apoios públicos à piscina. Artigos de opinião, manifestos e petições públicas permitiram entender o pulsar da população e perante isto, esperava-se uma reação da oposição, mostrando iguais apoios. Só que isso não aconteceu. A única sessão pública para esclarecer o voto contrário, nos Paços da Cultura, com um deputado nacional, que casualmente interpelou o Ministro Poiares Maduro no parlamento sobre o assunto, mostrou pouca capacidade de mobilização do partido que a organizou e com isso, percebeu-se o divórcio dos eleitores com a oposição.
Pelo caminho, surgiu o relatório de contas referentes a 2013, demonstrando que as mesmas, nada continham de esquisito. Apesar de aprovado, ouviu-se de novo o discurso da queda do “mito das boas contas”, fazendo lembrar outro ex-ministro, Mohammad Said al-Sahhaf, Iraquiano conhecido pela sua desinformação, aquando da invasão de Bagdad pelas tropas norte-americanas.
Ficou aclarada, para os munícipes, a forma de atuar dos membros da oposição.
Poderia ter sido diferente?
Eu meu entender, sim.
Continuo a pensar que após as eleições de 2013, o PS devia ter alavancado a sua única vencedora eleitoral, Helena Couto. Com enfoque na sua credibilidade, o trunfo do ano passado, o PS deveria ter construído um trabalho sério, com negociações simples e favoráveis, planeando para 2017, a apresentação do meritório mandato exercido, como grande aposta para a Câmara Municipal. Só que a estratégia não foi essa, como reconheceu recentemente Josias Gil.
Obviamente que o estratagema adotado, em 2014, pelo PSD, trouxe-lhe dividendos. Por um lado, encontrou culpados para o desastre da não construção da piscina nos próximos anos. Por outro conseguiu dividir o PS. Retirando crédito político aos seus adversários, como ficou manifesto na eleição dos delegados para o congresso nacional, em que uma das listas sem qualquer dinâmica política no contexto atual, conseguiu o mesmo número de mandatos que os membros afetos à fação defensora do chumbo à construção da piscina. Também aqui se percebeu o divórcio dos… militantes com a concelhia.
Chegamos ao fim do ano, com a perspetiva que em 2015 tudo será diferente. A perspetiva de eleições autárquicas intercalares está em cima da mesa. Há um ano, caso tivesse sido esse o caminho, o resultado eleitoral seria imprevisível. Passado este ano, atendendo ao expressar da população, parece-me que o cenário será outro. No entanto, atendendo ao mergulho efetuado, os próximos tempos serão para alguns conterem a respiração. Até porque em Setembro de 2015, haverá eleições legislativas e para esse tabuleiro, há muitos protagonistas interessados.
Aguardemos para verificar a capacidade de apneia.
Bom ano.
(a publicar no dia 31/12/14)