quarta-feira, dezembro 17, 2014

Uma região de cidades

                Esqueça a lógica da divisão territorial. Aquelas definições geográficas, a que habitualmente nos referimos, com fronteiras delimitadas pelos concelhos.

                Conseguiu?

                Concentremo-nos nos maiores aglomerados populacionais da região, mencionando as suas pequenas e médias cidades: Espinho, Esmoriz, Lourosa, Fiães, Santa Maria da Feira, Ovar, S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis.

                Oito cidades, trinta quilómetros a separar os dois extremos opostos. Com 4 autoestradas, da rede nacional, a permitir ligar umas cidades a outras, complementando-se esta rede viária com o IC2, entre outras. Tudo isto possibilita qu, as referidas localidades estejam próximas umas das outras, percorrendo-se 8 a 12 quilómetros para se atingir a cidade seguinte, ou seja, em menos de 15 minutos.

                Os indicadores demográficos específicos para estas cidades indicam 126.288 habitantes. Pode parecer pouco mas, este valor significa que 40% da população destes cinco concelhos vive em aglomerados urbanos. Um valor idêntico à da cidade de Leiria (127.500) e superior à de Aveiro (78.500). Dois exemplos, apenas para o leitor obter um termo de comparação e compreender melhor o potencial urbano que esta conexão pode trazer.

                Estamos perante uma região de cidades.

Cidades ligadas em rede.

Com uma fluidez constante da população, inerente à dinâmica atividade económica.

Os motivos de atração vão variando. As deslocações fugazes acentuam-se em período estival, é certo. Mas também, em momentos de lazer ou diversão. Estes, durante todo o ano e nalguns casos diariamente.

Obviamente que entre as cidades, a mancha urbana não é contínua, embora exista quem identifique essa homogeneidade entre Oliveira de Azeméis – S. João da Madeira - Santa Maria da Feira.

Apesar das organizações territoriais – atuais e futuras, das estruturas concelhias assumidas, do defender da terra onde se nasceu, a maior parte da população circula sem complexos de qualquer ordem pelo vasto território.

  É perante a lógica de fluidez na região de cidades que deve ser enquadrada a promoção de eventos. Em especial, os de índole cultural. Separando-se o entretenimento, por definição massificado, das manifestações de arte, por igual definição, para um público mais exigente e também mais reduzido em número.

Programar cultura, nesta região, é pensar no somatório dos pequenos grupos apreciadores de arte, existentes em cada uma das oito cidades. A soma dos vários nichos pode encher plateias e provar que a urbanidade é transversal na região das oito cidades.    

 

(a publicar no dia 18/12/14)