Ao longo dos vários anos de escrita no jornal labor, tenho desenvolvido alguns temas utilizando estas páginas como laboratório de ideias.
A partilha com os leitores surge por dificuldades pessoais (e profissionais) em colocar em prática alguns conceitos e daí ser mais honesto divulgá-los, esperando que um dia a ideia seja desenvolvida por alguém, independentemente de a inspiração ter surgido das minhas palavras ou não.
Um tema assíduo neste jornal foi o desenvolvimento do conceito de turismo industrial à restante cidade, em especial, aos mais variados agentes económicos. Em Maio de 2013, finalizava uma série de artigos, fazendo apelo ao complemento do conceito turístico, sugerindo que, aos seus produtos icónicos: chapéus, sapatos, lápis e etiquetas, fossem acrescentados artigos como colchões, ou mesmo, doutras eras industriais como: as máquinas de costura, torneiras, banheiras e outros como a cera e seus derivados, dos primórdios da industrialização ou provavelmente ainda duma época de manufactura.
Uma forma de complementar os circuitos industriais, sugeri nesse artigo, poderia ser através da sua extensão aos produtos gastronómicos. Exemplos não faltavam no texto e não vou repeti-los.
É conhecida a base da economia nacional, em copiar o negócio do vizinho e conseguir melhores ou idênticos resultados financeiros.
Dentro desta máxima, consegue-se explicar a apetência da restauração duma cidade, ou mesmo duma região, em apresentar aos clientes produtos semelhantes. Pastelaria e pratos cozinhados não diferem muito, se pensarmos bem. Quando alguém tem êxito com a venda dum produto, os outros imitam-no e assim democratiza-se o artigo anteriormente diferenciador.
A diferenciação passa depois a pormenores de paladar e aí entra a subjetividade das papilas de cada um.
Tudo isto é recordado e evocado, porque descobri que um restaurante de S. João da Madeira está com divagações gastronómicas em torno dos circuitos industriais.
Para já, foi apresentado o Sapato, no Restaurante Tudo aos Molhos, no Largo Santo António.
Muito provavelmente, outros produtos do nosso imaginário industrial um dia passarão a constar da ementa deste restaurante.
Tudo vai do começar. Se se repetir a fórmula económica à portuguesa, daqui a uns anos, não haverá na cidade café, bar, restaurante ou hotel que não apresente aos seus clientes, uma ementa onde constem pratos com nomes alusivos à indústria local.
Para já vamos fazendo a degustação, ali no largo.
Nota: Ana Rodrigues estará este fim-de-semana em ação em Coimbra. Será o culminar duma excelente época, no seu regresso à AEJ. Faço votos para que na próxima semana, as felicitações aos seus resultados sejam generalizadas na imprensa local.
(a publicar no dia 23/07/15)