quarta-feira, março 16, 2016

Associações Culturais

                Um prémio é sempre um sinal de reconhecimento do trabalho efetuado. Ao ser premiado o Festival “Party Sleep Repeat”, a Associação Cultural Luís Lima foi recompensada pela audácia em promover eventos culturais. Para quem começou há pouco tempo, nada melhor do quer ser laureado, imprimindo um caráter motivacional importante para os próximos tempos.

                Esta Associação assimilou o investimento autárquico em equipamentos culturais. Com mais auditórios, de capacidades diversas, com melhores salas para acolher espetáculos de lotações distintas, S. João da Madeira dispõe de infraestruturas suficientes para albergar iniciativas culturais de média dimensão, ou seja, adequadas para a realidade geográfica em que está envolvida.

                Tendo-se formado a Associação Cultural Luís Lima nos tempos atuais, pode-se utilizar uma linguagem informática, para a intitular como uma associação 3.0, relacionando-a com a mais recente reabilitação do património cultural da Cidade. Seguindo o mesmo princípio, recuando mais de duas décadas, arrolando a criação do Centro de Arte e a ocupação da antiga escola primária da Quintã, para instalação da Academia de Música, permite ligar-se estes dados com a fundação da Associação Cultural Alão de Morais e ainda com o Coro de Câmara de S. João da Madeira.

Para trás, no período de início da democracia, a grande época de incremento do associativismo, com génese cultural, desportivo e recreativo, envolvendo as três componentes no objetivo de cada associação, também a cidade viu nascer alguns clubes do género. Utilizavam-se os poucos espaços municipais disponíveis, como o Auditório construído na antiga Escola Industrial ou mesmo o antigo e devoluto hospital. Desse período, como associação exclusivamente cultural, ficou para a posterioridade a Tuna dos Voluntários. Abro aqui um parêntesis, para fazer uma referência ao Rancho Regional Laborânea, presumindo ter sido fundado nesta época, no entanto, não consigo precisar. De qualquer forma, apesar da alusão, julgo não estar enganado quanto à inatividade do referido Rancho. 

É importante ainda referir a Banda de Música de S. João da Madeira, anterior à fundação do concelho, o que prova o interesse da população por questões culturais, ao longo dos demais anos. Hoje com instalações novas, esta Banda foi sinónimo de aproximação da população à música, quando a oferta era reduzida e mesmo quando esta aumentou, a Banda de Música continuou a ensinar jovens e a permitir que tivessem contacto com as Orquestras Filarmónicas.

Neste espectro, convém referir algumas associações que difundem atividades culturais, quer com ensino e prática de dança, quer com a promoção de eventos, embora na sua atividade sejam igualmente desportivas, ou mesmo, instituições de solidariedade social. Não querendo ser exaustivo, fica a referência a grupos informais de teatro ainda ativos, a grupos musicais de vários géneros e ao clube de leitura da Biblioteca Municipal.

Feita a apresentação da participação em atividades culturais da população, empregada durante o dia, completando os interesses pelas artes em regime pós-laboral, observe-se com maior detalhe o Coro de Câmara de S. João da Madeira. Primeiro referindo a qualidade do trabalho efetuado nestas duas décadas, sempre elogiado por todos. Há, no entanto, outro aspeto que importa destacar. A afinidade dos elementos ao canto, pois além de serem membros do Coro, alguns são igualmente diretores. Esta especificidade, este associativismo pela arte, torna este coral como um exemplo a seguir pelas diversas manifestações artísticas existentes na cidade.

Julgo que seria a melhor opção para algumas das atividades culturais da cidade. O fomento do associativismo só poderia beneficiar a encenação do teatro, ou ajudar na criação de uma orquestra, ou a sustentar a poesia ao longo do ano, só para dar alguns exemplos. Com associações culturais específicas, suportadas nas atividades de captação de talentos, exercidas pelos grupos escolares de teatro, pelo ensino da Academia de Música, estaria assegurada a participação da população e claro, a sua vocação artística.

Não posso deixar de terminar, sem deixar um desafio, uma qualquer associação cultural de fomento de teatro em S. João da Madeira, deveria ter como referência o malogrado Doutor Josias Gil, que sempre procurou tanto como vereador, ou como professor, dinamizar o teatro amador na cidade.   

 

(a publicar no dia 17/03/2016)