A época estival portuguesa continua a ser caracterizada pelos festivais de música. S. João da Madeira teve o seu. Com um cartaz heterogéneo, como foi amplamente divulgado, importa aqui analisar a adesão do público. Dividido em dois blocos, correspondendo a cada fim-de-semana, caracterizava-se por uma oferta inicial mais popular e terminava tendo como cabeça de cartaz um grupo argentino.
Pelo meio, as peripécias do costume.
Pouco público nos nomes menos conhecidos. O mesmo acontecendo em artistas recorrentes em concertos gratuitos, cada vez mais comuns em organizações de índole municipal, um pouco por todo o país. Troca no cartaz à última da hora, numa substituição já ensaiada em outros festivais, sendo o resultado final sempre igual.
As reclamações para com a organização (apareceram várias no labor e segundo este no facebook) e as atitudes condenáveis para com a imprensa serão sempre recordados como o pior deste festival.
A grande adesão de público no último dia permitiu esquecer os momentos menos bons do festival. O efeito de recinto cheio deixou perplexo os mais cépticos mas, permitiu encarar próximos espectáculos musicais em S. João da Madeira com outro optimismo. Mais do que o confronto entre estilos musicais, ou do gosto musical do público, ou o cunho da maioria presente em cada espectáculo, verificou-se que é possível realizar na cidade concertos de casa cheia com bandas de renome internacional.
A receita, seguida pela organização do festival “concerto único na região norte a preços baixos”, permitirá captar público da área metropolitana do Porto e assim projectar o concelho como promotor de cultura. Algo a que o orçamento municipal dos próximos anos estará indexado, face aos projectos de construção, reconstrução, transformação, ou de requalificação de espaços culturais em curso.
Esta captação de público é urgente, como tenho repetido ao longo dos últimos anos. A finalização de obras, mesmo sendo financiadas por programas de comparticipação comunitário, é apenas o começo. A sustentabilidade económica dos espaços, salas de espectáculo a restaurar, não pode apenas depender do orçamento municipal. A possibilidade de asfixia financeira devido a perda de receitas da autarquia, não permite destinar grandes verbas para programação cultural. O não retorno é um risco inerente e essa possibilidade é cada vez mais proibida.
A interrogação expressa no título do labor, sobre a salvação do festival, terá a sua resposta daqui a uns tempos. Entretanto, naquela noite, o concerto do grupo de tango permitiu pensar-se na oferta cultural a partir de S. João da Madeira.
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