quarta-feira, abril 03, 2013

Turismo Regional

            A semana passada nas páginas do labor dissertei sobre o Turismo Industrial. Essencialmente, focando a necessidade deste produto ganhar escala, a nível da entidade regional de turismo onde o concelho está inserido, o Porto e Norte de Portugal.

            No enquadramento temático apresentei vários produtos estratégicos de turismo. Nesse texto genericamente demonstrei esses produtos, não entrando em pormenores exemplificativos por região, associação de municípios, ou mesmo por concelho.

           Ao turista, depois de se decidir por um destino, surgem sempre quatro questões: onde dormir? Onde comer? O que fazer? E o que comprar?

            Há concelhos pela sua capacidade de oferta, que respondem bem a todos estes requisitos. Outros estão mais limitados, servindo-se da vizinhança para completar a oferta.

            Exemplificando, com um pequeno passeio familiar, no nosso país. Uma manhã acordei em S. Martinho do Porto, percorrendo a enseada pela marginal. Desloquei-me para o interior, fazendo logo em Alfeizerão uma paragem para a obrigatória compra de pão-de-ló. Retomando a estrada em direção a Alcobaça, fui verificando a herança paisagística da ordem beneditina. Já na cidade, investi no mosteiro, visitando-o, revisitando os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro. No exterior verificava a evolução turística da praça, as esplanadas envolventes, os arruamentos arranjados, espreitando no outro lado da colina a torre de prospeção petrolífera. Entretanto, a família entrou numa loja de produtos locais. Artesanato, acessórios de moda, louças, artigos de decoração, entre outros. Compra-se isto e aquilo.

O passeio prosseguiu tendo como destino a Batalha. Mais um Mosteiro, com pormenores arquitetónicos peculiares, vestígios históricos e explicações da dinastia de Avis, completavam a oferta dos túmulos da enclítica geração, ladeados pelos dos seus progenitores. Almoçamos ao ar livre, com vista sobre a estátua do Rei D. João I. Depois foi seguir para o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota. O guia fez a receção histórica, encaminhou-nos para o auditório onde foi exibida a recreação explicativa da batalha. No exterior, percorremos o quadrado, a ala dos namorados, até alcançarmos a capela prometida, em caso de vitória, pelo Condestável, o Santo.

De regresso à viagem pelo automóvel, rumei para o interior. Passei ao largo de Porto de Mós, vendo ao longe as particularidades do castelo. Naquele momento só me interessava atingir Mira de Aire. Aguardamos pelo momento da descida às grutas e percorrendo os mais de 600 degraus, deslumbramo-nos com as paisagens subterrâneas. No final, a proximidade a Minde, obrigou a uma visita rápida ao seu mar, em época estival, sem qualquer vestígio de água.

Por ser domingo, o resto da visita foi adiada. Um dia retomarei Tomar (bela redundância), visitando os vestígios dos Templários, seguirei para Ansião para visitar os fósseis marinhos, continuarei para Penela, onde além dos sinais do passado humano, será obrigatório comprar um queijo do Rabaçal e terminarei o passeio em Condeixa, visitando as ruínas romanas em Conímbriga, procurando um pouco mais a sul, as Buracas do Casmilo, pelo seu valor geológico e paisagístico.

Em quatro parágrafos, fiz referência aos produtos estratégicos da região Oeste e Centro. Paisagens, património histórico e religioso, particularidades da natureza são os motivos da visita; produtos gastronómicos e outros produtos regionais são a oferta para venda. Verificando-se como a proximidade entre concelhos pode ajudar a complementaridade na escolha de um itinerário turístico.

Estes concelhos, por terem pontos em comum, promoveram uma estratégia de desenvolvimento regional ao nível turístico.       

            Neste ponto, é importante fazer a reflexão da capacidade turística da região Entre Douro e Vouga. Reconhecendo que ao nível da restauração e hotelaria, existem várias ofertas, praticamente para todos os bolsos.

            Convém então lançar a seguintes questões:

Existem produtos estratégicos para ocupar um turista durante pelo menos um fim-de-semana? Existem produtos regionais para serem comprados pelos turistas, incluindo produtos gastronómicos?

Estas e outras questões merecerão uma resposta na próxima edição do jornal labor. Na qual, procurarei ainda justificar como o Turismo Industrial terá capacidade para se tornar um produto integrado de turismo.

 

(a publicar no dia 04/04/13)