quinta-feira, dezembro 10, 2015

Slogans eleitorais

                Entre o processo de demissão e o de nomeação da comissão administrativa da Câmara Municipal de S. João da Madeira, houve uma reportagem da imprensa nacional, salvo erro do Jornal Notícias (JN), que ao fazer referência à oposição, utilizou o plural para líder.

Numa frase, ao duplicar a liderança, o jornalista do JN resumiu a actividade política do concelho, desde 2013 até ao presente. Uma oposição com liderança bicéfala, com dois vereadores a assumir o comando, um pelo número de mandatos conseguidos – três - e outro, mesmo singular, a conseguir impor a agenda, fazendo a ouvir a sua voz minoritária. Ainda em matéria de reportagens pela comunicação social, as imagens da RTP, após a reunião de apresentação de demissão da totalidade dos elementos da lista do PSD, dando primazia ao vereador do Movimento Independente SJM Sempre, retrataram o que se passou durante estes últimos dois anos.

A oposição incomodou o executivo municipal, em particular pelos ataques constantes ao seu presidente. No entanto, a dupla liderança retirou protagonismo ao mais votado e perturbou a necessidade da sua afirmação política.

A emancipação política foi uma preocupação do líder da concelhia do PS, sobretudo atendendo à contestação partidária, presente em pequenos episódios como as declarações de João Carlos Silva no chumbo do PS às novas piscinas, ou mesmo, na apresentação das duas listas de delegados ao congresso do partido e que culminou na semana passada, com as divergências manifestadas na comissão política da concelhia local, face à constituição da lista a apresentar nas eleições intercalares de 2016.

Estes condicionalismos foram razão para a aposta num slogan pessoal da candidatura do PS. Uma jogada arriscada, típica de um jogo de poker, quando um apostador coloca todas as suas fichas em cima da mesa, comprometendo tudo naquele momento. Além disso, o slogan não traz nenhuma mensagem política, pois jamais se provou a ausência temporal do Presidente da Câmara, nos últimos dois anos, evidenciando-se desde a primeira hora, a redução do seu salário, como benéfica para os cofres municipais.

A poucos dias da data limite de entregas das candidaturas, ainda só é conhecido mais um cartaz eleitoral. As outras forças políticas terão até ao dia 14 de Dezembro para apresentarem as suas listas e darem a conhecer os seus argumentos eleitorais. Enquanto isso não acontece, ou não surgem notícias na imprensa local, concentremo-nos no slogan da coligação PSD / CDS.

O apelo à maioria é um desígnio dos partidos da direita, com pelo menos 35 anos. Depois de 12 anos em maioria absoluta, o PSD não conseguiu em 2013 atingir votação suficiente para a reconquistar. Os últimos dois anos trouxeram um imobilismo táctico, com desperdício de verbas comunitárias e limite ao endividamento. Esses factos políticos foram aproveitados para solicitar ao eleitorado uma clarificação. Uma posição extremamente democrática, que contraria a argumentação utilizada durante dois anos pela oposição.

O slogan em si é singelo. O pedido ao eleitorado coincide com a situação política nacional, na qual a maioria relativa não venceu a maioria ideológica do parlamento e por tal, a coligação do PSD / CDS viu-se apeada do poder. Esta combinação de momentos atrai mais o eleitorado, que pode rever-se nas eleições locais e mobilizar-se para evitar novos desaforos dos partidos derrotados.

Temos, portanto, um cartaz com cariz político a defrontar um slogan mais pessoal. É claro que, ainda faltam os outros concorrentes e as contas aí baralham-se e passam a ser outras.

Neste particular confronto entre PSD e PS, para as eleições de 2016 a vantagem está do lado do PSD. Em 2013, o PS tinha uma mensagem política forte e do lado do PSD, havia a necessidade de dar a conhecer o candidato.

Desta vez não.