quarta-feira, dezembro 16, 2015

Tira - Teimas

                Esperava-se um pouco mais dos partidos políticos de S. João da Madeira.

Ao praticamente não alterarem as suas listas, os partidos locais assumiram um risco nulo e lançam para as eleições praticamente os mesmos intervenientes de há dois anos. Basicamente a única alteração que existe é a oitava recandidatura do Engenheiro Cortez e na constituição das listas dos partidos mais votados, as modificações surgem a partir do quarto ou do quinto lugar, conforme a coligação ou partido.

Um calculismo extremamente revelador do que aconteceu nos últimos anos, sem ninguém querer assumir uma cisão com a inércia municipal, exercida de forma prejudicial para a cidade e os seus cidadãos.

Esperava-se um pouco mais: uma estratégia mais ousada por algum dos partidos; uma ruptura com o passado recente; uma reestruturação das listas, com nomes novos, bem posicionados para serem eleitos de forma clara. Mas não, o eleitorado terá que se pronunciar sobre os acontecimentos dos últimos anos, elegendo praticamente os mesmos vereadores.

A própria exceção, da apresentação do candidato da CDU, é no fundo a continuação da disputa política estendida à Assembleia Municipal. O candidato Jorge Cortez, é um dos políticos mais considerados da cidade e dos mais experientes. A sua actividade política recente não passou despercebida, pela aproximação às posições defendidas pelo PSD, mas também pelo feroz combate político, em especial, pelos fortes ataques ao PS local. A exemplo disso, numa sessão da Assembleia Municipal, este deputado da CDU acusou o partido socialista de ter práticas fascistas. Inimaginável, para muitos, só que não se viu qualquer repúdio em forma de comunicado por parte do partido visado. Um silêncio constrangedor, que terá desiludido muitos militantes e simpatizantes socialistas, contribuindo muito provavelmente para o mal-estar vivido na comissão política concelhia. Certo é que Jorge Cortez pode captar mais votos do que é costume e se atingir novamente o milhar de votos, pode ser eleito, tal como nas eleições intercalares de 1984. Como o Bloco de Esquerda irá comparecer às eleições de 2016, existirá um voto ideológico concorrencial. Este partido tentará consolidar o resultado das eleições legislativas e afirmar-se como força política em S. João da Madeira, contudo, a grande notoriedade  do candidato da CDU poderá prevalecer na decisão dos eleitores.

É certo que os partidos e o movimento independente puseram estas intercalares como uma continuação das eleições de 2013. No entanto, é preciso não esquecer que daqui a um ano e meio, estaremos de novo em eleições autárquicas para um período de 4 anos.

Neste capítulo, o regresso de Paulo Cavaleiro e Fátima Roldão às listas autárquicas, poderá ser interpretado como um sinal para o futuro, sobretudo se o PSD garantir a eleição do quarto vereador. A eleição do quinto elemento, apesar de toda a estima que me merece a candidata, não me parece atingível.

Não queria terminar este pequeno comentário, sem referir duas máximas que fui aprendendo da política.

A primeira foi com o diretor do labor, Pedro Silva, que em 2001 ensinou-me que candidato derrotado, em eleições anteriores, não se deve candidatar de novo. Atos eleitorais recentes comprovaram a sua regra, havendo exceções, como a eleição de Ricardo Rio à Câmara Municipal de Braga, eleito quando concorreu pela terceira vez, no entanto, os seus adversários em 2013, eram pela primeira vez cabeças de lista.

A segunda regra é igualmente simples e refere-se à constituição de listas. A melhor forma de calar os críticos partidários, é convidá-los a integrarem a lista. Um bom exemplo é o mais recente Governo liderado por António Costa. A facção do PS, que se preparava para ser oposição interna e provavelmente exigir a demissão do líder, foi desmembrada, por agora, através do convite a alguns dos seus membros para Ministros ou Secretários de Estado.

Por tudo o que ficou atrás escrito, é que se esperava um pouco mais dos partidos políticos. Aguardemos pelas propostas e programa eleitoral, para verificarmos se há mais audácia.

 

(a publicar no dia 17/12/15)