quinta-feira, dezembro 27, 2012

O fim em 2012

        

         O desporto mereceu em 2012 o maior dos destaques. No balanço do ano, assinalo a importante presença de Ana Rodrigues nos Jogos Olímpicos de Londres, como o acontecimento de maior relevo de 2012.

            O percurso desportivo de Ana Rodrigues é sobejamente conhecido. Captada na escola Municipal de Natação, ensinada e fidelizada à modalidade na Associação Estamos Juntos, cedo viu o seu talento ser reconhecido, ao vencer campeonatos regionais e nacionais. Atempadamente integrou o desporto de alto-rendimento, com chamadas à seleção nacional e passou a ser esperança para os Jogos de Londres. Pelo meio, participou e conquistou uma medalha de bronze nos 50 metros bruços, nas primeiras Olimpíadas da Juventude, disputadas em Singapura.

            Em 2012, foi exigido a Ana a obtenção dos tempos mínimos para estar presente em Londres. Em Março, no nosso Nacional Absoluto, esse tempo foi conseguido, embora essa marca só fosse homologada, como tempo de admissão às olimpíadas, a quinze dias do início do torneio olímpico.

            A 29 de Julho, pouco depois das 10 horas da manhã, Ana Rodrigues mergulhava para a piscina de Londres cumprindo o seu sonho de atleta. Para trás ficavam horas de sacrifício, de treino, de apuramento de forma física, de competições essencialmente contra o relógio, enfim de dedicação a uma modalidade desportiva extremamente exigente.

            Com o feito de Ana, o desporto em S. João Madeira talhava uma nova página na história da cidade. A página dourada do desporto, como eu próprio lhe chamei em Julho.

Anos de trabalho, anos de paciência e de esperança.

O reconhecimento da atleta, do seu treinador e do próprio clube foram atempadamente testemunhados. A natação, ao longo dos últimos cinco anos, teve um destaque na imprensa local, não muito comum no panorama nacional da comunicação social. A própria autarquia cedo apoiou Ana Rodrigues na sua cruzada, concedendo-lhe subsídios individuais e passando a transferir verbas de montante superior para a Associação Estamos Juntos.

Ana Rodrigues foi um projeto do desporto local. Essencialmente, do seu treinador e por inerência do seu clube. Um projeto integral de desporto de alto rendimento, da escola aos jogos olímpicos. Com todas as fases a serem executadas na cidade. Excetuando os treinos de outono, inverno e primavera em piscina de 50 metros (e as chamadas à seleção nacional). Evidenciando-se desta forma, ser possível com os meios existentes em S. João da Madeira, desenvolver projetos sérios no desporto, salvaguardando a exceção atrás mencionada.

Em setembro, no arranque da época 2012/2013, Ana mudou de clube. Parte para o novo ciclo olímpico, a terminar em 2016 no Rio de Janeiro, com enormes perspetivas de sucesso. A experiência adquirida até Londres, permitir-lhe-á enquadrar o próximo desafio de forma segura. É evidente que o seu novo clube, FC Porto - campeão nacional da modalidade, lhe oferece outras condições de treino e competitivas e obviamente isso, em desporto de alto rendimento, é fundamental.

Com a saída de Ana Rodrigues, o desporto em S. João da Madeira ficou amputado. Perdeu definitivamente a sua vertente de alto-rendimento. Recorde-se que, no ano passado, já havia encerrado o centro de alto rendimento de basquetebol, que trouxe qualidade e resultados à modalidade praticada na cidade pela ADS.

Em 2012 foi o fim.

Não nos devemos esquecer, apesar da saída de Ana Rodrigues, que o técnico, Luís Ferreira continua nos quadros da AEJ - tal como foi mencionado por Fernando Moreira na semana passada no jornal - e a experiência por si adquirida nestes últimos anos, poderá ser importante para se fazer a ligação entre a escola municipal de natação e os restantes degraus de competição nesta modalidade.

A natação poderá servir como o bom exemplo, a seguir por outras modalidades desportivas. Terá que se ponderar para o futuro, que tipo de política desportiva se pretende para os clubes de S. João da Madeira? Como enquadrar o desporto de alto-rendimento? E claro desenvolver políticas de captação, identificação de talentos, além das necessárias para o ensino e fidelização dos jovens como praticantes de desporto federado, de preferência olímpico.

Esperemos que o novo ano, traga mudanças no paradigma desportivo da cidade e a presença futura de atletas sanjoanenses em Jogos Olímpicos seja reconhecida pelo seu mérito e não apenas, como obra do acaso, como infelizmente alguns verbalizaram.            

 

(a publicar dia 28/12/12)

quarta-feira, dezembro 19, 2012

Advento

         Para mim o advento começa no primeiro de Dezembro.
Nesse dia iniciamos a preparação do Natal. Enfeitando a casa com os motivos apropriados. Montando a árvore com bonequinhos, com luzes e uma apropriada estrela no seu cimo. Instalando o presépio, construindo uma gruta com pedras e colocando o musgo a aconchegar as figuras representativas. O cartão de boas festas familiar é feito nesse dia e aproveitando as novas tecnologias, envia-se via internet aos amigos. Para os mais novos, é entregue um calendário do advento. Por cada dia, uma janela é aberta, até ao dia 25.
Na verdade, o calendário de advento corresponde às quatro semanas antes do Natal. O religioso.
O calendário impresso, mais comum, resume-se aos vinte cinco dias de Dezembro. Com 24 janelas de tamanho idêntico e uma 25ª de dimensão diferente, correspondente ao dia da chegada, o significado de advento, isso mesmo, chegada.
Aproximamos desse dia.
Ainda é tempo de preparação.
Compra-se os presentes. Cria-se expectativa nos mais novos.
Aguarda-se pela chegada de familiares. Preparam-se ementas. Tudo para viver com alegria a grande noite de família.
O advento pode ser uma ideia de relançamento do espirito comunitário.
Ao visualizar um anúncio televisivo do operador de comunicações de prefixo 96, encantou-me a ideia expressa do calendário de advento. As janelas de um edifício da cidade do Porto decoradas com os números. As exibições artísticas, associadas a cada uma das janelas, pareceu-me uma ideia brilhante. Entretanto, outro operador, o do prefixo 93, recuperava os duetos improváveis, em torno de um clássico da música pop. Na aldeia minhota, à volta da fogueira, na eira, ou em casa das velhotas, surgiram figuras antagónicas da música nacional a cantar uma velha canção dos The Beatles. O resultado é cativante.
Com base nestes dois anúncios, suportando-me na conceção de animação de Natal, existente na cidade até há três anos, penso que seria de a recuperar, trazendo de novo à Praça os agentes culturais da cidade, assim como público, isto é, eventuais clientes.
A fórmula é simples. É em seguida apresentada para memória futura.
Na zona central da cidade, escolhe-se alguns edifícios. Para decorar cada janela do advento convida-se escolas, associações de pais e outras, tal como se faz atualmente com as rotundas. Em cada dia é aberta uma janela. Nesse mesmo dia, um grupo musical da cidade é convidado para uma atuação de vinte minutos, tendo como temas obrigatórios cinco músicas de Natal. Algumas bandas poderão agrupar-se com outras de género musical diferente e dar outra envolvência ao momento. O final deveria ser a 25, promovendo um concerto alusivo, mais alargado em tempo, sempre com grupos locais.
O problema é que nesta época, a meteorologia não ajuda muito. A chuva acompanha o advento, encerrando ou adiando algumas das animações que se promovem nesta quadra festiva.
Esperando que o tempo chuvoso não se instale por muito tempo, desejo a todos os leitores um ótimo Natal.
 
(a publicar no dia 20/12/12)
 
 

quarta-feira, dezembro 12, 2012

Ideologias

            Os executivos municipais são difíceis de catalogar em matéria ideológica. As suas práticas, apesar do enquadramento dos partidos políticos, deixam confusa qualquer pessoa.
            A privatização parcial do fornecimento de água à população, tem sido um tique comum de liberalismo, a que a Câmara Municipal de S. João da Madeira também aderiu. Por outro lado, a interferência na economia, planeando as áreas de negócios e condicionando investimentos, como fica evidente na criação de incubadoras de empresas, transfere o idealismo para o campo do centro-esquerda, muito perto do socialismo.
            Neste campo, o último sinal da colagem do executivo municipal à esquerda, surgiu com a defesa da nacionalização do hospital de S. João da Madeira.   
            Este espectro político alargado, torna a vida difícil às oposições. Onde se devem colocar?
À direita, aceita-se a redução do peso do Estado e aplaude-se a criação de emprego, com incentivos ao empreendedorismo. Tudo o resto, deveria servir como trunfo para a campanha política.
            Isso não preocupou o executivo liderado pelo PSD. Antes pelo contrário. Com muita tática política, o executivo encostou-se à esquerda, neste último mandato, por forma a esvaziar a principal força da oposição, precisamente o PS.
            Esta força política terá que reagir, sabendo-se manter dentro do seu espectro político natural. Não entrando na 3ª via, com tiques liberais, como na década passada utilizou a nível nacional, com resultados duvidosos.
A defesa do interesse da população deve ser procurada pela sugestão, fundamentada, da redução das taxas municipais. A abolição da taxa de disponibilidade nos contadores da água, por exemplo, entre outros impostos municipais diretos ou indiretos. Aludindo, em simultâneo, às despesas municipais que devem ser reduzidas.
O discurso político terá que versar os seguintes aspetos: a inclusão social; a qualificação e a empregabilidade da população; a requalificação urbana – aproveitando-se as verbas do próximo quadro de apoio comunitário; a promoção do potencial cultural e desportivo do concelho.
O objetivo deverá centrar-se na fixação da juventude na cidade, que obviamente só poderá ser conseguida com melhoria na oferta de residência, emprego e dotando de cosmopolitismo o concelho.
  
(a publicar no dia 13/12/12)
 

quarta-feira, dezembro 05, 2012

Parideiras

            Subir à serra da Freita é uma atividade por mim exercida regularmente.
Desde a infância, em passeio familiar, alcançando a serra por sinuosas estradas de terra batida. Na adolescência durante os períodos de férias escolares, alcançando a montanha a pé, ou à boleia, com a mochila nas costas. Mais tarde, já adulto, na fase pós urbana, percorrendo os trilhos da serra em viaturas motorizadas. Até me cansar e voltar a calçar as botas de montanha para caminhar.
A pé na adolescência percorri o triângulo formado pelas aldeias de Merujal, Albergaria e Mizarela. Várias vezes fui a Castanheira, voltando por carreiros de cabras, com a mochila carregada com pedras parideiras (pequenas amostras). Só mais tarde, já de automóvel cheguei a Cabreiros. Depois visitei as aldeias, o Rio Paiva, o monte de S. Macário. Quando dali vi ao longe os contrafortes da Estrela, percebi que de carro já não tinha piada e voltei às caminhadas, em jeito de atividade semanal. Abrindo mato, traçando trilhos, unindo aldeias e lugares.
A periodicidade atual é apenas trimestral. Em família, incutindo o gosto pela natureza e pela descoberta nos meus filhos. Aos poucos vou-lhes mostrando a serra, as suas paisagens, as suas pedras, os cursos de água, enfim, os seus pontos de interesse turístico. Neste despertar do interesse pela montanha, não ficam de fora os rebanhos, a vida nas aldeias e os achados arqueológicos.
Eu próprio, por vezes, sou surpreendido com novas descobertas. Vestígios no passado mal interpretados, ou por desconhecimento teórico, ou por falta de atenção. Caso dos restos dos troços da via romana, construída para ligar o Porto a Viseu, atravessando a serra da Freita e por mim percorridos vezes sem conta, sem me aperceber da disposição daquelas lajes, da largura da via e do seu significado. Em Manhouce, aldeia do concelho de S. Pedro do Sul, fez-se a preservação de um desses troços. Subindo em direção à Freita, são visíveis mais dois fragmentos, um deles, saindo de Gestoso para Albergaria das Cabras. À entrada desta aldeia, atrás do cemitério, a via romana foi destruída. Tendo-se alargado a via e colocado novas pedras, uns modernos paralelepípedos. Um arranjo de quarenta metros, para desembocar num trilho de montanha, apenas acessível a pessoas, animais e veículos não motorizados.
Este exemplo serve para demonstrar a série de atrocidades à preservação histórica e por arrasto ambiental, a que foi sujeita a Serra da Freita ao longo dos últimos anos. Conscientes desse perigo, tentando evitar um desastre ainda maior, as autoridades responsáveis vedaram com rede o complexo das pedras parideiras, conseguindo-se a sua proteção ao longo dos últimos vinte e cinco anos.
O interesse por este fenómeno geológico, mais a existência de fósseis de trilobites em Canelas, entre outros geossítios, levou à criação do Geopark de Arouca.
A evolução turística, com alicerces científicos e pedagógicos, associando-se a oferta do património histórico e religioso, bem como, os produtos gastronómicos da região, mais a possibilidade de praticar desportos de natureza, permitem enquadrar o concelho de Arouca como um moderno promotor de turismo.
À diversificação da oferta, junte-se uma outra questão, os horários alargados e adequados a todo o tipo de turistas.
Neste último domingo de manhã, no terraço da Castanheira, espreitava a queda de água da Mizarela e as diferenças litológicas do maciço envolvente. Na escombreira, aos meus pés, encontravam-se vários exemplares de pedras parideiras, restos de rochas removidas para fazer as habitações da aldeia. Apontei os binóculos para o litoral, distingui as cidades desta região, pelo seus prédios e à distância, percebi o quanto falta para fazer um produto turístico por aqui.
 
(a publicar no dia 06/12/12)
 

quarta-feira, novembro 28, 2012

Regeneração social

            A lotação esgotada nos debates organizados no auditório do Museu de Chapelaria, pelo Fórum “Re:pensar a cidade”, é demonstrativo da vontade da população em participar na vida ativa da cidade.
Uma oportunidade de rever conterrâneos. De ouvir vozes amigas, de trocar ideias. De dialogar no antes e depois do Fórum, sobre os temas debatidos, ou com conversas inacabadas de outrora.
No debate sobre Animação Cultural para mais cidade, cujo relato não me compete transmitir e cujas conclusões serão colocadas em local apropriado, isto é, no site do referido Fórum, houve muita adesão e bem pertinentes foram as questões daqueles que ousaram interpelar o painel de convidados.
O saudosismo esteve patente na maioria das intervenções: a visão do coletivo - do associativismo de antigamente até ao isolamento atual; os relatos das realizações individuais; ou o enaltecimento dos equipamentos culturais para a difusão e democratização da cultura na cidade. Esta apresentação não corresponde a qualquer cronologia das intervenções efetuadas.
O passado.
A perspetiva bem portuguesa para fazer a ponte para o futuro.
Uma ideia prevaleceu dos depoimentos, não existe projeto comum na cidade. Não existe política cultural estruturada, defendeu, reforçando a ideia, a professora Cristina Marques.
Neste campo, em que é necessário lançar políticas de regeneração do espírito comunitário, Francisca Abreu – vereadora da CM de Guimarães - explicou os vários passos efetuados naquela cidade, iniciando-se com uma simbólica replantação de uma oliveira, na praça com o mesmo nome. A partir daí, a reabilitação dos edifícios históricos, a recuperação das ruas e praças da cidade, alojando-se nestas vários serviços públicos, foram etapas naturais do evoluir da reforma social municipal.
Observe-se a política municipal para o centro de S. João da Madeira. Extremamente centrifugadora nos últimos anos. Tudo tem sido retirado da Praça Luís Ribeiro. Ao ponto de descaraterizar a cidade. Perdeu-se o espaço de encontro, exclamou com propriedade a já citada Cristina Marques.
Nada tem sido feito para cativar a comunidade a regressar à Praça.
Sem pessoas, sem contactos, nem afetos, seremos uma sociedade fantasma.
 
(a publicar no dia 29/11/12)
 

quarta-feira, novembro 21, 2012

Ao debate

Amanhã realiza-se mais uma sessão do Fórum “Re:Pensar a cidade” cujo tema será: Animação Cultural para mais cidade. Ao preparar a minha intervenção, uma análise pessoal sobre a atividade cultural de São João da Madeira, senti a necessidade de validar o diagnóstico junto dos agentes locais e por outro lado, procurei conhecer as suas diferentes realidades.

Munido da minha síntese, entrei em contacto com várias instituições da cidade. Nalgumas fui recebido pela direção, noutras ouvi concertos ou assisti a aulas. Alguns encontros foram em cafés, por facilidade de ambas as partes, ou por ausência de sede da associação visitada.

Todos estes encontros preparativos do debate, obrigaram-me a percorrer mais quilómetros do que habitualmente faço, a fazer mais telefonemas por semana, a dispor do meu tempo livre e a fazer despesa extra em alguns dos cafés onde me sentei. Na maioria das vezes, atravessei sozinho as portas dos diversos locais, sem fotógrafo, nem claque de apoio, nem jornalista para ouvir o conteúdo das conversas.

O objetivo de verificar a dedicação dos munícipes ao associativismo, o aproveitamento dos seus tempos de lazer com hábitos culturais, foi amplamente conseguido.

Mais do que transmitir números da atividade das várias instituições, ou entidades comerciais, pois existem negócios na área cultural em S. João da Madeira, importa é referir a cumplicidade demonstrada por pessoas que até então desconhecia.

Expliquei o meu propósito, recolhi opiniões importantes. Fiquei mais conhecedor da história das associações que se dedicam à cultura, das suas dificuldades e das suas ambições.

Apurei os sentidos. Simpaticamente num dos locais das artes ofereceram-me fogaça, prontamente degustada. Revi velhos conhecidos, um deles ao reconhecer-me, mediante a minha apresentação, não conteve o contentamento e efusivamente deu-me abraços e palmadas, apropriadas ao momento, nas costas. Senti o cheiro das tintas numa aula de pintura, o ar abafado de uma sala após uma aula de ballet. Ouvi professores de música, apesar dos salários em atraso, a excederem-se numa atuação pública, juntamente com os seus alunos. Vi as fardas da Banda de Música armazenadas na sua sede, apreciei as cores dos quadros dos alunos do Centro de Arte. Vi instalações adaptadas, instalações obsoletas, estruturas inadequadas. Por outro lado, visitei em funcionamento letivo a renova academia de música.

Relembrei as dificuldades do associativismo. A falta de recursos humanos nas associações. As poucas dezenas de sócios. Os órgãos sociais a serem preenchidos por pessoas que pretendem dedicar-se às artes. Oferecendo o seu tempo livre a questões burocráticas, em prejuízo da sua performance como artista. Apelei à continuidade de algumas associações, em período de funcionamento intermitente.

Ficaram por ouvir algumas das associações com dedicação à cultura. Faltou-me tempo para visitar alguns empreendedores culturais.

Neste último mês procurei recolher uma amostra da cultura da cidade. Da tradição popular ao eruditismo, do clássico à modernidade, nas mais diversas áreas ou artes a que a comunidade se dedica.

Encontrei suporte, em toda esta auscultação, para a minha ideia inicial, desenvolvida na apresentação pública do Fórum Re:pensar a cidade: é preciso valorizar as pessoas.

A cultura em S. João da Madeira necessita de personalização. O lenitivo para a promoção da cidade.

O debate realiza-se amanhã – dia 23 de Novembro – às 21h30m, no Museu da Chapelaria.

 

(a publicar no dia 22/11/12)

 

terça-feira, novembro 13, 2012

Competências

 
A semana passada elegi o tema da reforma da administração local, para o meu artigo de opinião. Nem de propósito, nesse mesmo dia, foi divulgado o parecer da Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa do Território. 
Vou reincidir no tema. Não para analisar a contestação generalizada ao diploma. Antes pelo contrário, pretendo focar o outro lado da lei n.º 22/2012 de 30 de maio - regime jurídico da reorganização administrativa territorial autárquica -, em especial, o seu Artigo 10.º - Reforço de competências e recursos financeiros.
A redação dos três primeiros pontos deste artigo é a seguinte:
1 — A reorganização administrativa do território das freguesias é acompanhada de um novo regime de atribuições e competências, que reforça as competências próprias dos órgãos das freguesias e amplia as competências delegáveis previstas na lei, em termos a definir em diploma próprio.
2 — As competências próprias das freguesias podem ser diferenciadas em função das suas específicas características demográficas e abrangem, designadamente, os seguintes domínios, em termos a definir em diploma próprio:
a) Manutenção de instalações e equipamentos educativos;
b) Construção, gestão e conservação de espaços e equipamentos coletivos;
c) Licenciamento de atividades económicas;
d) Apoio social;
e) Promoção do desenvolvimento local.
3 — O reforço das competências próprias das freguesias é acompanhado do reforço das correspondentes transferências financeiras do Estado, calculadas no quadro da despesa histórica suportada pelo respetivo município no âmbito do seu exercício.
            No mesmo dia em que a Unidade Técnica apresentava o seu mapa, a Câmara Municipal de Lisboa marcava novamente a diferença e mantinha o seu pioneirismo neste processo de racionalização da estrutura administrativa do Estado, ao anunciar as competências a delegar às suas novas juntas de freguesias, informando qual seria o orçamento de cada uma a partir de 2013.
            Ficamos a saber quais serão essas competências: Gerir e assegurar a manutenção dos espaços verdes; assegurar a aquisição, colocação e manutenção das placas; manter e conservar pavimentos pedonais; assegurar a limpeza das vias e espaços públicos, sarjetas e sumidouros; manter, reparar e substituir o mobiliário urbano; conservar e reparar a sinalização; atribuir licenças de utilização e ocupação da via pública, afixação de publicidade, etc. registo e licenciamento de cães e gatos.
E ainda gerir, conservar e reparar equipamentos sociais, parques infantis, balneários, lavadouros e sanitários públicos. Fontes e chafarizes na área serão também da responsabilidade das juntas da capital.
Nas atividades económicas, destaque-se o assegurar da gestão e manutenção de mercados e feiras. Passando a ser responsabilidade das várias juntas de freguesia de Lisboa, a atribuição de licenças para a venda ambulante de lotarias, arrumador de automóveis, realização de acampamentos ocasionais, exploração de máquinas automáticas, realização de espetáculos, venda de bilhetes para espetáculos em agências ou postos de vendas e realização de leilões.
            Por fim, intervenções comunitárias, de apoio a atividades culturais e sociais são também função das Juntas, que têm uma palavra a dizer nas políticas de habitação e alojamento.
            Tudo isto, obrigando a Câmara Municipal de Lisboa a transitar pessoal para as juntas - dos serviços cuja gestão muda - e transferindo recursos financeiros apropriadas, não esquecendo, a passagem do património. 
            Fiz questão de enumerar exaustivamente as competências delegadas em Lisboa, podendo servir como exemplo de interpretação do regime jurídico inscrito na lei n.º 22/2012.
Proponho o seguinte exercício aos leitores mais atentos: atente nas competências delegadas pela Câmara Municipal de S. João da Madeira na sua única Junta de Freguesia.
Recorde-se que além do nosso concelho, também Alpiarça, Barrancos, São Brás de Alportel e futuramente Castanheira de Pera, são concelhos de freguesia única. Em tempos, o XVII Governo Constitucional chegou a pensar na criação de um regime especial para estes casos, pretendendo extinguir as suas juntas de freguesias, devido à sobreposição de competências.
Existem, portanto, três cenários para a Junta de Freguesia de S. João da Madeira:
1) receber novas competências, aumentando o seu orçamento e pessoal afecto;
2) manter tudo como está, esquecendo as diretrizes inerentes à nova lei n.º 22/2012;
3) extinguir a junta de freguesia, integrando o seu pessoal na estrutura da Câmara Municipal;  
Um bom tema para discussão pública.
Em causa o contributo da cidade para a racionalização dos recursos e respetivas estruturas de gestão do Estado e também o aproximar dessa administração à população, ou pelo contrário, o ganho inseparável com a eliminação de pagamentos de vencimentos e de senhas de presenças nas Assembleias de Freguesia.
Um debate essencialmente político.
 
(a publicar no dia 15/11/12)
 
 

quarta-feira, novembro 07, 2012

Dupond e Dupont

 
            O Presidente da República promulgou o diploma que aprova a reforma administrativa de Lisboa. Recorde-se que o tinha vetado em julho.
            Em causa estava a redução de 53 para 24 do número de freguesias da capital, criando-se a freguesia do Parque das Nações, com uma parte do território a ser transferida do município de Loures.
            A Câmara Municipal de Lisboa conseguiu antecipar-se à reforma administrativa do poder local, ponderada pelo atual Governo. O executivo liderado por António Costa propôs uma diminuição significativa de número de freguesias, independentemente do importante passado de cada uma, da sua história. Pesou mais a atualidade, o número de eleitores por freguesia e o ganho que esta reorganização do poder local pode trazer ao erário público, do que quaisquer outros argumentos partidários. 
            A Câmara Municipal da capital foi pioneira.
Das suas congéneres espalhadas pelo país, apenas setenta, num universo de trezentas e sete, se propuseram a analisar o seu mapa de freguesias. As restantes deixaram o caso entregue ao Governo e à sua “Unidade Técnica para a Reorganização Administrativa do Território”. Ressalve-se alguns casos em que nada havia a analisar, como por exemplo, S. João da Madeira, entre outros.
            Um pouco por todo o país, assistiu-se a um debate aceso entre os executivos e a respetivas oposições municipais.
Lisboa não foi exemplo, para os correligionários de partido de António Costa. Nalguns casos, como em Guimarães, aprovou-se uma redução de 21 freguesias. Noutros, em oposição, utilizou-se argumentos contrários à reforma, do mesmo nível que os apresentados em Guimarães… pelos opositores.
            Nos livros de Tintim, idealizados por Hergé, surgem em algumas aventuras, dois detetives vestidos de fato preto, ambos portadores de chapéu e bengala, à primeira vista semelhantes, excetuando a ortografia dos seus nomes, um termina em “D” e outro em “T”, não sendo por isso irmãos gémeos. Dupont e Dupond, ou “os Dupondt” têm uma particularidade, se um completa uma frase, o outro acrescenta “eu diria mais”, repetindo a frase do outro. Um único detalhe físico permite distingui-los: é a forma dos bigodes - o de Dupont abre para a face e o de Dupond quebra a direito.
            Na política autárquica deveria ser mais fácil distinguir os partidos. A diferença não pode ser apenas ortográfica, como a letra final dos “Dupondt”. A argumentação da política local não se pode assemelhar a uma vacuidade, repetindo-se as mesmas considerações de outros. No fundo e resumindo, tudo se assemelha, a um passatempo de jornal, descubra a diferença, com apenas uma, impercetível, como os bigodes dos detetives desenhados por Hergé.  
 

terça-feira, outubro 30, 2012

Por este rio acima

 

Curiosa coincidência, li de forma sequencial três livros de escritores da comunidade local: Adão Cruz, Eva Cruz e Tiago Moita. Pela ordem inversa, pois o livro deste último havia-o adquirido em Abril, só que atrasei o início da sua leitura até Setembro.

Não tenciono fazer qualquer crítica literária às obras publicadas, nem tenho essa pretensão. O objetivo deste texto é referenciar a criatividade dos autores e enaltecer a publicação em livro dos seus trabalhos como escritores. O livro de Adão Cruz, “Vai o rio no estuário”, inspirou-me o título para este artigo. Segurei-me numa música de Fausto Bordalo Dias, baseada na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto.

Inverti o caudal ao rio, parti para montante.

A grande maturidade da poesia de Adão Cruz é patente na forma de apresentação dos poemas. Sem métrica predefinida, sem rima consagrada, obrigando o leitor a fazer pausas, exigindo-lhe encontrar nas palavras o sentido da poesia. Os poemas editados são lidos com um grande fôlego. Sustem-se a respiração pela intimidade destapada. Fica-se em apneia na sucessão de versos. Ao reencontrarmos o rio, o seu silêncio, temas transversais ao longo da sua obra, sentimos o conforto da poesia. Volta-se ao início do poema, relê-se, interioriza-se, entre avanços e recuos, deixamos o estuário.

As estâncias termais pressupõem as rotinas diárias. Os tratamentos, as refeições, os momentos de lazer, de convívio e os tempos entre uma coisa e outra. Quem já “fez” termas, hospedado por temporadas, identifica-se com o livro de Eva Cruz. Encontra nas suas descrições, os momentos por si vividos. A chegada, o reencontro com conhecidos, a identificação das mudanças, o lamento das ausências e a troca de outras informações pertinentes sobre os demais, são rituais termais. O enquadramento na montanha, o rio, numa fase mais aguerrida, mais jovem, são lugares comuns no imaginário dos frequentadores de quaisquer termas. “Corconte” é isto tudo e é na verdade portador de um nome enigmático, que permite várias interpretações.

O “Último Império” de Tiago Moita recupera a história nacional. A fundação do reino, a presença dos templários na reconquista, o reinado de D. Dinis, a batalha de Alcácer Quibir, a acusação ao Padre António Vieira são acontecimentos revisitados e reescritos à luz da interpretação do autor. No livro são explicadas várias correntes da parapsicologia e interligadas com o decorrer da ação. Tudo isto numa centena de capítulos, onde os personagens vão descobrindo vários mistérios. A sequenciação dos capítulos está muito bem conseguida, a narrativa vai aproximando os personagens - cada qual vai entrando na estória em capítulos próprios e por motivos diversos – e cada ação individual é interrompida no final de cada capítulo, entrando a narração para outro personagem.

O rio de Fernão Mendes Pinto, evidenciando com o relato da sua viagem, em pleno século XVI, a não existência de qualquer império digno desse nome, sob a bandeira da coroa nacional. Por vezes, esquecemo-nos da Peregrinação.

Tiago Moita procurou outra via e encontrou uma resolução interessante para o Quinto Império.

Morreu Eurico Alves, homem de palavras. Sempre pronto para homenagear os que partiram antes dele. Passei muitas horas da minha vida entre as ruas do Barroco e a Benjamim Araújo, por isso, cruzei-me com ele várias vezes. Aprendi a respeitar a sua escrita. A forma poética como descrevia os almoços da tertúlia, era bem recebida e ficarão para sempre na memória da cidade.          

 

(a publicar no dia 01/11/12)

 

quarta-feira, outubro 24, 2012

Homenagem

                No dia 11 de Outubro aproveitei o convite da direção da Academia de Música, para assistir à inauguração das suas novas instalações. Aguardei pelos convidados especiais, assisti ao descerrar da placa alusiva, à bênção do espaço e percorri os três pisos das instalações. Gostei do que vi. O projeto do arquiteto Carvalho Araújo divulgado em 2008 ainda estava presente na minha memória, por isso não tive aquele efeito de surpresa, pela transformação do interior do edifício.
Entre os presentes, revi vários amigos e conhecidos, acompanhados pelos seus filhos, estudantes na academia. Preparava-me para me ir embora e soube que professores e alunos iriam tocar umas peças.
Fiquei.
Ouvi os discursos oficiais, atentamente, até ao fim. Causou-me incómodo não haver nenhuma referência à direção da Academia. Pelo trabalho desenvolvido nestes 31 anos na formação musical e humana de vários jovens, entregando-os ao mundo… musical; pela paciência demonstrada pelo atrasar das obras; e sobretudo, pela motivação de divulgar a música, os compositores e os seus intérpretes. Este branqueamento deveria ter causado mais burburinho do que a brancura das pedras da fachada do edifício.
Valeu a inspiração do artista Armando Tavares, ou se preferirmos, o reconhecimento dos agentes da expressão artística, ao presentear a direção da Academia de Música com um dos seus quadros. Uma homenagem merecida, a duas pessoas de valor cultural reconhecido.
Na entrevista concedida por ambas ao jornal labor, evidenciaram ambição, ao constatarem a oportunidade oferecida pela ampliação das instalações, desejando alargar o leque de atividades da academia, transformando-a no futuro numa moderna e dinâmica escola de artes.
Voltar à Academia é regressar aos tempos de homenagem.
Em Novembro de 2008, desloquei-me à Academia de Música de S. João da Madeira, para assistir ao concerto de homenagem ao Dr. Renato Figueiredo, dois meses após o seu desaparecimento. Das várias músicas interpretadas, houve uma que particularmente me sensibilizou, o Adágio / 2º Andamento do Concerto de Aranjuez, de Joaquin Rodrigo, interpretada ao piano por Nelly Santos Leite e à guitarra por Gustavo Brandão, seis meses antes do seu falecimento.
                Um ano depois, voltei a entrar no auditório Marília Rocha, para assistir a nova homenagem ao Dr. Renato Figueiredo, desta feita organizada pelo grupo de teatro liderado por Magalhães dos Santos.
A evocação do encenador permite recordar o seu pedido, de uma das salas da nova Academia ser batizada com o nome do seu antigo diretor financeiro – Renato Figueiredo. Certamente que Magalhães dos Santos, não se importará de eu aproveitar as suas palavras de outrora e alargar o seu retro ao professor de guitarra Gustavo Brandão, pedindo também para perpetuarem a sua memória, atribuindo o seu nome a uma sala da nova Academia.
                Esperemos que as omissões oficiais, não inibam a direção da Academia de recordar o seu passado.  
 
(a publicar no dia 25/10/12)

terça-feira, outubro 09, 2012

A linha

            Há uma linha que distingue a crónica da cidadania. Em sete anos de escrita no labor, colocado nas suas páginas aos trambolhões, do cabeçalho para o rodapé, daqui para o centro e outras vezes nas margens, consegui sobreviver aos efeitos da paginação do jornal e exercer a minha atividade cívica. Na crónica excedi o limite do comentário. Narrei factos, tendo por objetivo alertar a comunidade para problemas existentes no quotidiano da cidade. Insuficientes vezes, introduzi temas na discussão local, utilizei expressões que entraram no léxico dos habitantes, previ acontecimentos e assim, fui transformando a minha crónica num ato de cidadania.
            Há uma linha que demarca o artigo de opinião da política. Nos textos publicados ao longo destes anos, não consegui controlar-me e algumas vezes, julguei o desempenho político dos nossos autarcas. Analisei, deduzi, critiquei e opinei, apresentando soluções para vários assuntos da cidade. Tive lutas solitárias, tão ao meu gosto. Lutei contra o unanimismo. Critiquei o vaivém para a linha do Vouga. O estado apático dos agentes políticos, em alguns períodos, serviram de pretexto para algum abanar de consciência. Defendi outra solução para a margem do rio Ul, que não passasse pela construção do centro de alto rendimento desportivo. Apesar de tudo, toda a opinião expressa foi entendida como reflexo de cidadania.
            Há uma linha que afasta a cidadania da política. É notícia, por estes dias, o aparecimento de um Fórum de debate “sobre as mais variadas temáticas decisivas para o desenvolvimento estratégico do concelho”, promovido pelo Partido Socialista local. Uma das “10 personalidades sanjoanenses, todas elas independentes de qualquer filiação partidária”, sou eu precisamente. Depois de anos a pensar e a escrever sozinho, decidi partilhar as minhas ideias sobre S. João da Madeira com outras pessoas e oferece-las a um partido local. Fui convidado, ressalve-se. Por ora, a minha disponibilidade é apenas continuar a exercer a cidadania, dentro da linha que a separa da política.
            Há uma linha que separa a independência da militância. Continuarei sem qualquer filiação partidária. Dos assuntos encomendados para o Fórum, a minha opinião será ouvida em matéria de Animação Cultural, Atividade Desportiva e Turismo. Todo o meu pensamento, sobre estas matérias, não segue nenhuma linha partidária. São expressão de reflexões elaboradas ao longo de anos, justamente nas páginas do jornal labor. Articular essas ideias, assimiladas pelos leitores em primeira mão, é o propósito e o fio condutor de apresentações futuras. A linha da independência politica jamais será atravessada.
            No próximo ano continuarei a publicar as minhas crónicas, os meus artigos de opinião e a exercer a minha atividade cívica nestas páginas, se a direção do labor assim o entender, obviamente. Divulgarei aqui as ideias a apresentar nos debates atrás mencionados, no entanto, haverá uma linha a separar o jornal do Fórum Re:pensar a cidade.    
 
(a publicar no dia 11/10/12)

quarta-feira, outubro 03, 2012

Moedas

            Antes de sair de casa, transfiro os trocos da carteira para o bolso das calças. Faço-o prevendo facilidade futura. A comodidade conseguida deslocando, equilibrando peso, não é a razão do gesto. Nem questões de segurança, embora não tenha esquecido a técnica de um amigo, munido de moedas no bolso da frente e com as notas colocadas no bolso de trás das calças: ao ser confrontado com um assaltante, despejou os bolsos da frente, mostrando os forros, dizendo-lhe ser tudo o que tinha. Resultou.
            As moedas ficam disponíveis para os assédios da cidade.
Um vendedor da revista Cais, um músico de esquina, um artista que rabisca, a giz, Cristos na calçada de granito, um estrangeiro que procura desesperadamente regressar a casa, mais os clássicos arrumadores e os demais incapacitados vão recebendo os trocos disponíveis. Às vezes aparecem uns brindes duma associação de beneficência a propor comparticipação, ou umas senhas dum futuro sorteio de automóvel, promovido pelos Bombeiros, ou qualquer instituição, com sede distante e sim senhor, contribuo.
            No meio da generosidade, vou registando uns episódios. À porta da estação de Metro no Bolhão, um homem ao subir a escada do subterrâneo encontra um conhecido de longa data e como não se viam há muito tempo, procura atualizar a informação respeitante à vida do outro. Conversa puxa conversa, o sujeito encontrado, o que estava à superfície, acaba por confessar, estar naquela esquina a pedir e por isso, não podia continuar a conversa.
            Não dou muito. Prefiro dividir por muitos. Numa tarde correu mal. Ou podia ter corrido. Deixo a esposa no multibanco e avanço cem metros para uma sombra, pois tinha o filho, na época único, a dormir no banco de trás. Vidro aberto, estava calor. Pelo retrovisor vejo aproximar-se um vulto. Deixo-me estar com o vidro aberto. Era zarolho o fulano. Tagarela. Falou-me dos perigos daquela rua. Dos assaltos junto ao multibanco. Dei-lhe resposta. Espreitei pelo retrovisor. Não vi ninguém. Percebi na alhada em que estava inserido. Filho no carro, esposa no multibanco sem a ver e o fulano encostado à janela. As moedas, aí uns cinco euros, junto à alavanca das velocidades foram a salvação. Sem deixar de conversar com ele e dando umas gargalhadas para demonstrar estar seguro com o teor da conversa, agarrei em todas e entreguei-as, sem ele pedir nada:
- Fique descansado que não acontece nada à patroa, disse-me, a despedir-se seguindo em frente. Assim foi.
Esqueci-me atrás de mencionar, as ciganas. As que pedem a mão para leitura. Cravando uma moeda, é certo. Sempre que me aparecem, divirto-me um bocado. Lá estendo as mãos e vou ouvindo a ladainha. Vou-me rindo com a capacidade oratória daquelas mulheres. Se forem bem-intencionadas, nada de desagradável dizem. Se a intenção for cravar mais uns trocos, ouvimos todo o tipo de provocações, já num tom apocalítico. Para tudo têm solução, basta pagar, claro.
Desta arte de viver a pedir, contam-me a habilidade de um arrumador da cidade invicta. Na mesma rua tem 50 clientes. A todos, cobra cinco euros por semana. Tem como funções diárias: arranjar estacionamento e colocar moedas no pacómetro, retirando o comprovativo de estacionamento, caso se aproxime a polícia municipal ou os agentes responsáveis por essa gestão. Como os seus clientes vão trabalhar munidos de pastas, o arrumador transporta-a até aos seus escritórios. Delicado, nos dias em que a sua higiene não está em dia, esquiva-se a esta função e tem a humildade de desculpar-se. Por vezes, lá aparece uma multa num dos seus clientes. Na hora desloca-se à esquadra, pagando por isso, a respetiva taxa pela importância mínima. É depois reembolsado pelos clientes. Estes preferem estacionar em frente ao seu local de trabalho, sendo-lhes mais vantajoso pagar uma ou outra multa ocasional, mais os cinco euros semanais, do que inserir moedas diariamente nos cofres da autarquia local.
A capacidade empreendedora do arrumador suavizou o aborrecimento mútuo. A sistematização do discurso, do local, do período do dia, da ação, torna banal e piedoso o momento.
Finalizo, contando o episódio de um nosso conterrâneo. Na capital, na estação salvo erro de metro, apercebeu-se das manobras suspeitas de um sujeito. Estando os dois sozinhos nessa estação, não podia pedir ajuda. O sujeito aproximava-se e o nosso conterrâneo pensou que ia ser assaltado. Precavendo-se, pôs umas moedas de baixo valor na mão e quando o outro estava suficientemente próximo, pediu-lhe dinheiro. O improviso salvou-lhe a carteira.
 
(a publicar dia 04/10/12)
 

quarta-feira, setembro 26, 2012

Leituras ao serão

            Um vendedor de livros em segunda mão, com banca montada no corredor de uma superfície comercial, desperta a minha curiosidade. Leio os títulos expostos. Compreendo a arrumação, a um lado livros a 1 euro, do outro, livros a dois euros. Encadernações antigas, capas amareladas pelo tempo. Essencialmente os livros de autores portugueses são os que me atraem. Dos mais baratos nada me interessa. Na outra seção, vejo as Novelas do Minho, de Camilo Castelo Branco, reparando ser apenas um dos volumes da saga, o que me faz recuar na escolha. Ao lado, repousa um livro sem autor identificado: Leituras ao Serão – antologia de contos. Folheio para me inteirar dos autores da compilação e lá entrego os dois euros ao vendedor.   
            Alexandre Herculano, Rebelo Silva, Eça de Queiroz, Fialho de Almeida, Trindade Coelho e Raul Brandão, cada qual com pelo menos dois contos, ocuparam-me alguns fins de tarde dos dias de semana. Nos tempos de espera (obrigações de progenitor), aproveito para rever a literatura portuguesa do século XIX e de princípio do século XX. A capacidade descritiva atrai-me, o pormenor é referido constantemente, para enquadrar completamente o leitor na cena e leio-os com satisfação, absorvendo as suas palavras de forma didática.
Páginas relatando as jornadas de transporte: a pé, a cavalo, nalguns casos, mais modernos, de comboio, permitiam verificar as dificuldades de movimentação dentro das várias regiões do país.
A liteira como elemento recetor de imagens.
As paisagens, as cores nelas envolvidas, numa lenta cruzada e sucessão de momentos, permitiam aos autores apurar as suas capacidades de escriba.
A chegada do automóvel revolucionou tudo.
Isso ficou bem demonstrado, no livro publicado, em 1916, por Teixeira Pascoaes, A Beira (num relâmpago). A rápida viagem de Amarante a Arganil, mais o respetivo regresso, em menos de 24 horas, é motivo suficiente para se relatar a “transformação vertiginosa da paisagem”, suscitada pela velocidade alcançada.
Enquanto na literatura, as transformações desencadeadas na sociedade permitiram uma alteração na forma de escrever dos escritores, redefinindo-se géneros literários, a política em Portugal quase nada se alterou.
As melhorias nas redes de estradas, municipais e nacionais, a criação de uma vasta rede de autoestradas; a atrás mencionada, mecanização dos meios de transporte; os meios de informação, rádio, televisão e mais recentemente a internet, permitiram uma melhoria na qualidade de vida dos cidadãos.
No acesso à informação, com o Estado Português a disponibilizar serviços on-line, o cidadão libertou-se da burocracia relacionada.
Perante tudo isto, não é lógico que a Administração Local mantenha-se inalterada, salvo raras exceções, desde a Reforma de Mouzinho da Silveira, de 1834.
Não é compreensível que quase duzentos anos de história, com alterações profundas em todas as áreas da sociedade portuguesa, não sejam suficientes para mudar a Administração Local.
A oposição sistemática à mudança não faz sentido.  
Em Lisboa, a Câmara Municipal promoveu uma redefinição das freguesias. Processo praticamente concluído, com parte de uma freguesia de Loures a incluir-se nas da capital. Resta desfazer as acertadas dúvidas do Presidente da Republica, para finalizar uma modernização que decorreu de forma pacífica e sem prejuízo para a população (desculpem a redundância).
O exemplo de Lisboa tem poucos seguidores.
A fusão de concelhos é entendida como uma anexação.
Para a fusão de freguesias nem se equaciona o interesse para a população. A discórdia dos eleitos, nem permite qualquer análise à proposta.
A mudança de freguesias entre concelhos é vista como uma traição, num recuo à época medieval. 
Dizem-me os situacionistas que bastaria não pagar senhas de presença aos eleitos, nas respetivas Assembleias de Freguesia e Municipal, que já se reduz o custo da Administração Local, para o valor acordado com os credores do país.
Não fiz as contas.
Se assim for, proponho que se crie esse indicador, reduzindo esta despesa anual ao seu valor diário. Por cada dia que passe, sem alterações à lei da Administração Local, deve-se divulgar esse valor, ao jeito de Mário Crespo: “pela inércia dos nossos eleitos, hoje o país gastou...”
            Vou continuar a leitura do livro do nosso conterrâneo Tiago Moita.
 
(a publicar dia 27/0912)

quarta-feira, setembro 19, 2012

Esplanadas

- My friend.
Em inglês, uma saudação cosmopolita nas tardes da Praça.
Uma mistura de sotaques. Sonoridade semelhante ao de um filme hollywoodesco, ouvindo-se naquele som nasalado a sua proveniência de certa região do norte de Portugal.
- My friend – exclamava o rápido e eficaz Arménio, numa esplanada ainda encostada aos vidros da fachada da Colmeia. Algumas mesas ficavam junto à porta. Às portas. Para não fazer distinção entre os lados do café.
Arménio tagarelava com os clientes, usando expressões em inglês. Numa tarde de Julho, há 25 anos, teve uma surpresa. Os clientes eram Ingleses, provenientes de Newcastle. Estava um calor arrasador e os súbitos de sua majestade pretendiam beber algo bem gelado. Não tinham tradutor. Pensaram que teriam sérias dificuldades em serem entendidos. Nada disso aconteceu. Como bom anfitrião, Arménio teve uma oportunidade de expandir a sua capacidade de comunicar em Inglês. Entre palavras, gestos e demonstrações promovidas na caixa frigorífica, o entendimento foi conseguido.
Os Ingleses estavam satisfeitos, quando os reencontrei. Arménio estava eufórico. Contou-me o sucedido nessa tarde. Explicou-me como se tinha entendido com os estrangeiros e exclamava feliz: My friend.
Nos meses e anos seguintes, por vezes, recordávamos o sucedido.
Por essa época, o tratamento recebido era personalizado. Quando eu me sentava na esplanada, nem era preciso fazer o pedido. O café era entregue na mesa escolhida. Trocavam-se as palavras do momento.
Para isso também contribuíram outros dos homens da bandeja.
O divertido senhor Aníbal. À nossa entrada pelas sete da madrugada de sábado, olhou desconfiado, nada dizendo. Até que a vontade de disfarçar a presença naquela hora, alegando o autocarro matinal para o Porto, fez o senhor disparar “pelas vossas carinhas, não foram à cama”.
O Albino, imparável no turno da noite. Quando algum cliente recusava café, alegando não dormir, Albino rematava: “se o café tirasse o sono, já tinha vendido a mobília do quarto”. Uma tirada ouvida vezes sem conta, no crepúsculo na Praça.
Nessas horas, entre encontros geracionais, sentei-me algumas noites junto à mesa frequentada por vários clientes, um dos quais, o Sr. Custódio (cujo apelido não me ocorre) fez-me despertar a curiosidade. A sua capacidade de narrar acontecimentos e sobretudo, a de captar a atenção dos seus companheiros de mesa, que esperavam a qualquer instante, uma intervenção sua para um momento de humor gratuito, ficou-me como recordação.
Nesta matéria, não posso deixar de mencionar, as entradas triunfais de Paulo Lisboa na Praça. Amigo infelizmente falecido. Paulo aproximava-se da esplanada e os clientes da nossa geração, especialmente, eram todos cumprimentados. Desde esses tempos, devido a esta ligação em comum, passei a saudar muita gente. Pessoas, que então conheci, fizeram parte do meu grupo de amigos e tudo graças à sua aptidão para a comunicação.
Memórias coletivas, escritas na primeira pessoa do singular.
Desse período, evoco ainda a ilusão de que a cidade tinha mudado. O apelo das esplanadas da Praça prolongava-se até princípios de Outubro.
As chuvas do Outono arrefeciam o entusiasmo.
Nos meses seguintes, a fantasia esmorecia.
As esplanadas ficavam vazias.
Ainda é assim… todos os anos.
 
(a publicar no dia 20/09/12)
 
 
 

quarta-feira, setembro 12, 2012

Pontos de vista sobre o preço da água

            O debate em torno do preço da água em S. João da Madeira enche páginas dos jornais locais. Aos argumentos dos que são a favor da privatização parcial do serviço municipalizado, contrapõem-se os que consideram excessivo o preço pago, na fatura emitida pela empresa Águas de S. João.
            Pela exposição dos factos ficamos confusos.
Os dados difundidos rebatem a opinião contrária. Mais precisão, mais recolha de informação e vários estudos de comparação com concelhos vizinhos vão sendo divulgados. Ninguém convence os oponentes, qualquer análise tem o resultado semelhante ao do jogo do galo, empate.
É este o pressuposto para o meu artigo de opinião.
Em primeiro lugar, as contas pessoais. Resido no concelho de Ovar, pagando em média à empresa intermunicipal “Águas da Região de Aveiro”, 17 euros por mês. Valor que inclui o consumo dos metros cúbicos de água, a taxa fixa e de recursos hídricos, mais a taxa de recolha de resíduos sólidos urbanos. Como na freguesia não está instalada a totalidade da rede de saneamento básico, tal como outros, recorro a um serviço de esvaziamento das fossas sépticas, pagando pelo efeito, 15 euros. Por ano, contrato este serviço entre 3 a 4 vezes, em função da capacidade de drenagem dos terrenos e da pluviosidade sazonal. Somando o preço dos dois serviços, pago em média entre 20 a 22 euros por mês. Para completar a informação, na minha residência vivem dois adultos e duas crianças. 
Exemplificando com valores, para um consumo de 12 m3, o total a pagar à empresa “Águas da Região de Aveiro” foram 16,07 euros, dos quais 9,19 para o pagamento real de água e o restante para as taxas mencionadas anteriormente, mais o respetivo IVA.
Em função destes valores, os leitores interessados devem comparar com as suas faturas emitidas pela empresa “Águas de S. João”.
Chegarão às suas próprias conclusões.
Tive acesso a uma, igualmente de tipo doméstico, com um total 11m3 de consumo. Menos um metro cúbico do que o meu exemplo, no entanto, a fatura da “Águas de S. João” indica um total de 30,28 euros. A alínea referente ao consumo marca 16,28 euros, o restante são taxas e IVA, claro.
Comparando os preços do serviço de abastecimento de água verifica-se uma diferença substancial, praticamente o dobro para SJM. Refira-se que a taxa de disponibilidade é menor em Ovar (- 2 euros), a taxa de resíduos sólidos é também menor (- 5 euros), embora a recolha dos ditos não seja efetuada diariamente.
De S. João da Madeira recebo outras faturas das “Águas de S. João”. De um comércio e referentes ao condomínio do prédio, em que possuo uma fração. Em ambos os casos, o consumo é zero m3. O valor na fatura para a morada comercial é 10,25 euros. Ou seja, o real custo fixo do serviço de abastecimento de água ao comércio local.
Acontece que o condomínio tem um contador totalizador (aparelho geralmente instalado à entrada de prédios em propriedade horizontal, servindo para calcular as diferenças entre o total dos consumos individuais e o volume total de água fornecida ao prédio). Isto significa mais uma fatura. O pagamento duplo da taxa de disponibilidade, mais a dupla tributação de resíduos sólidos urbanos.
Pelo exposto, pode-se constatar que o valor a pagar pelos munícipes, à empresa “Águas de S. João”, pode vir a diminuído. Não se precisando de utilizar técnicas de “rasgar contratos” para renegociar a concessão. Em tempo oportuno, bastará diminuir a taxa de disponibilidade; ajustar o valor da recolha dos resíduos sólidos urbanos em função do real consumo de água; inserir a gestão dos totalizadores na empresa privada, retirando esse encargo aos munícipes / clientes; e por fim, não taxar aos condomínios (prédios e afins) a taxa de resíduos sólidos, não duplicando esta tributação aos condóminos.
Tudo isto, sem esquecer o ajuste do preço do metro cúbico.
Podia ter sido feito anteriormente?
É natural todo o desagrado manifestado.
Nestes tempos difíceis, qualquer redução de taxas municipais é muito bem-vinda.
 
(a publicar no dia 13/09/12)
 
 

quarta-feira, setembro 05, 2012

Medalhas, gravatas, baloiços e camisa.

            Após o mês de Agosto é penoso escrever. As férias pessoais, do jornal e da cidade provocam uma enorme inércia. Procura-se um raciocínio para desenvolver por umas linhas e o assunto é curto, não dando para um texto completo. Ainda sem ritmo para grandes crónicas, ou artigos de opinião e para não demorar mais os leitores neste parágrafo de introdução, publico notas soltas (lembrando outras outrora editadas no labor), resumo da minha atividade estival, em matéria de interesses:
 
      - A transmissão televisiva pela RTP dos Jogos Olímpicos de Londres surpreendeu-me pela positiva. Além do acompanhamento dos atletas portugueses, existiu a possibilidade de acompanhar os torneios de várias modalidades. Desporto a sério, momentos inesquecíveis, na melhor cobertura, até aos dias de hoje, do serviço público da televisão portuguesa ao maior acontecimento desportivo do planeta. Além disso, o interesse dos telespectadores nacionais foi canalizado para modalidades desportivas em franca progressão técnica no país, como por exemplo: a canoagem, o remo, o ténis de mesa e o triatlo (aqui devia fazer um parêntesis e alongar-me, só que…). Antes de fechar este capítulo e esquecendo a contabilidade das medalhas, uma palavra para a Ana Rodrigues. Felicitá-la pela sua participação honesta e esperar que a sua progressão desportiva, se concretize no próximo ciclo olímpico, tornando-a mais forte e especializada na prova em que participou em Londres, os 100 metros bruços. Força Ana, ao trabalho.
 
       - Ainda não tinham terminado as Olimpíadas, nessa mesma noite, o país político foi surpreendido com a análise do comentador Marcelo. Contrariando o sentimento generalizado da direita portuguesa, o professor despachou a ministra da Agricultura, Ambiente e outras pastas, para fora do governo. O reconhecimento das capacidades de trabalho de Assunção Cristas, a sua figura simpática, as suas convicções religiosas são predicados que agradam ao espetro da direita. A indignação que fui ouvindo reforçou a minha ideia: quando o ciclo Portas se encerrar, a atual responsável daqueles ministérios todos, será a grande candidata à liderança do seu partido e quem sabe, se não poderá ambicionar a outros importantes cargos… O professor Marcelo antecipando esse cenário e da forma calculista que o carateriza, tratou de propor a sua retirada antecipada da política. Ou será que a afronta ao professor é devida à informalidade decretada por Assunção Cristas, dispensando o uso de gravata, nos seus ministérios, durante o verão?
 
      - No regresso das férias a sul desviei-me para Vila Nova da Barquinha. A atração Almourol completou-se com a exposição coletiva de 13 artistas contemporâneos, patente nas margens do Tejo, na zona ribeirinha da vila. No jardim público, os modernos trabalhos partilham o espaço com baloiço, escorregão e outros aparelhos de parques infantis. Alguns dos consagrados artistas desenvolveram os seus trabalhos para a interatividade com as crianças. Este apelo atrai os mais novos. Não contemplam, não verificam materiais, nem soluções criadas. Pura e simplesmente trepam, saltam, deslizam e correm para outro. Extravasam as suas energias, experimentando as potencialidades dos trabalhos expostos e pelo meio do percurso no parque, lá aparece um verdadeiro divertimento infantil. Para baralhar.
 
      - Com camisa no corpo, indumentária do dia-a-dia em período laboral, leio que não há entendimento para a alteração à lei autárquica. Ou seja, os executivos camarários vão continuar a ser compostos por vereadores eleitos de acordo com o método proporcional, através das listas propostas pelos diversos partidos. Sempre me convenci que nada se alteraria. Também não acredito que a reforma da administração local seja concretizada. Embora, a considere extremamente necessária. Na ordem do dia, nesta matéria, a alteração e fusão de freguesias. A sul, um dado novo e preocupante, a Assembleia Municipal do concelho de Vila Real de Santo António votou favoravelmente a agregação dos municípios vizinhos de Castro Marim e Alcoutim, sem consultar os respetivos órgãos de soberania destes concelhos. Sobre esta matéria, volto a escrever um dia. Certamente.
 
(a publicar dia 06/09/12)